Saindo do tradicional só texto para trazer o meu último projeto, a intervenção Como a enchente te mudou? Dá o play e compartilha se gostar??? (Mas depois volta aqui para ler sobre o nascimento dessa ideia ☺️)
Durante as enchentes de maio de 2024, o meu prédio estava sem abastecimento de água e todo o condomínio racionava água. Meu banho durava 1 minuto. Lembro de pensar “se eu consigo tomar banho de 1 minuto, porque não fazer isso sempre?”
Óbvio, no momento de calamidade a gente dá um valor para coisas que no dia a dia a gente não dá, e água é uma delas. Sei que uma pessoa só economizando não faz quase nenhuma diferença no grande todo, mas lembro de me encher de motivação e adotar um novo estilo de vida de banhos de 1 minuto. “Vou poupar o máximo de água que puder.”
Passam-se as semanas, o abastecimento de água volta ao normal e com isso os velhos costumes também. O banho de 1 minuto voltou a ser um banho de 5 de sempre.
Após a tragédia, eu vi muita gente falar sobre como as enchentes mudaram a forma como elas enxergavam o aquecimento global. Ouvi muito que agora iam se preocupar mais com isso e exigir o mesmo na hora do voto. Eu estudo o assunto aquecimento global há mais de 10 anos, então eu já baseio minhas escolhas políticas, de consumo e de modo de vida contemplando a melhora do meio ambiente. Isso não era novidade para mim. O novo era ver que aquilo que eu tinha como dado, como luz, internet, água e alimentos, podiam rapidamente ficar escassos. Então quando a única coisa que eu imaginava ser a minha mudança, o banho curto, desapareceu, me veio uma crise e várias dúvidas: “será que eu não devia estar fazendo alguma coisa? O que eu poderia fazer? O que a cidade precisa e eu poderia entregar?”
Intervenções urbanas são minha paixão desde que eu comecei a Shoot The Shit, lá em 2010, com dois amigos. Depois de 5 anos fazendo diversas ações pela cidade, a parada virou empresa e eu me afastei um pouco das ruas. Fiquei 10 anos focado no negócio e com várias ideias guardadas na gaveta.
Pós-enchente, percebi uma Porto Alegre não só triste e consternada por um desastre, mas uma cidade que precisava de cuidado. O mesmo cuidado que pessoas comuns distribuíram gratuitamente e incondicionalmente durante os dias e noites de resgates nos bairros alagados e trabalho nos abrigos humanitários. Nas doações, nas mobilizações online, nos restaurantes cozinhando comida. Isso precisa continuar, não podemos voltar à mesma rotina que fez a cidade ficar largada e vulnerável.
Daí me veio a vontade de voltar para a rua, de voltar a fazer aquelas ideias que estavam guardadas. Levar cor, provocação, crítica, criatividade e diversão para Porto Alegre. E a primeira ideia que saiu do papel foi justamente a de levar para as pessoas o mesmo questionamento que me incomodava. Como era o normal no passado, usei meu tempo livre e saí para a rua para pintar um tapume de uma obra abandonada.
A enchente me fez voltar a fazer intervenções urbanas depois de 10 anos.
Abaixo seguem fotos de como o tapume ficou 1 dia depois de pronto.





Se você gostou da ideia, peço humildemente o like/share no vídeo para ajudar o artista :)
Espero que gostem dos links:
A simplicidade dessas tirinhas 🥹
E esse estudo: duas semanas sem internet reverteram UMA DÉCADA de envelhecimento cognitivo. E olha o absurdo, os participantes ainda podiam mandar mensagens! Então foi só ficar sem entrar em redes sociais e sites. Essa passou a ser minha nova metade de vida: duas semaninhas off.
Esse papo me lembrou dessa news aqui sobre como ser offline é um luxo para pouquíssimas pessoas.
Tô adorando a newsletter da FailWise e suas histórias sobre empresas e seus “fracassos”. Dias atrás foi a história da Dobra, uma empresa aqui do sul super inovadora e que encerrou atividades no final do ano passado. Mesmo assim, ela ainda tem muito para ensinar quem tá empreendendo com práticas colaborativas e fora do padrão. Recomendo a news e que conheçam mais do trabalho da Dobra.
Antes de criar, ligue a curiosidade.
Uma exposição de arte onde qualquer pessoa podia pendurar a sua arte. Irado esse conceito, né?
"Sou professor e aluno, porque quem não é mais aluno não tem o direito de se dizer professor.” — Arn Anderson
<3
Parabéns pela ação. Curti lá, compartilhei e comentei.
Penso que é um tipo de trauma que vai ficar na monte dos moradores pra sempre. O teu trabalho pode ter ajudado um pouco nessa elaboração mental dos que passaram pela intervenção. Já cansei de dizer que sou fã do teu trabalho e nem te conheço pessoalmente. Vou parar de falar isso. eheeh